O Betão na Arquitetura

arquitetura portuguesa O betão é um dos materiais de construção mais utilizados na atualidade, sobretudo como elemento estrutural. A arquitetura contemporânea explora a sua utilização à vista, nas suas diversas texturas e tonalidades.



Características

O betão é composto por uma mistura de cimento, areia, água, aditivos e pedra, sendo hoje o material mais utilizado na construção. Existem dois tipos de betão: simples e armado, este último incorpora uma malha metálica que lhe confere maior resistência. Como quando é fabricado encontra-se em estado líquido necessita ter o suporte de um molde, ou seja, a cofragem, que o conforma até que solidifique. Assim, consegue adaptar-se a quase qualquer forma idealizada. Paralelamente, os aditivos conferem-lhe propriedades específicas.


O uso do betão ao longo da história


Antiguidade

O betão foi utilizado desde a antiguidade, principalmente em pavimentos e fundações. Os romanos faziam uso do betão em pontes, aquedutos e edifícios públicos como no Panteão de Roma, construído no ano 127 d.C. Este apresenta uma cúpula de 50 metros de diâmetro de betão de inertes leves.


O registo da patente do cimento Portland e as primeiras obras em betão

Estudos às propriedades do cimento culminam na aprovação da patente do cimento Portland em 1824. Consegue-se, posteriormente, reduzir o custo de produção. Curiosamente, a primeira estrutura que combina cimento com ferro é um barco. concebido pelo francês Lambot em 1848.

As primeiras obras em betão armado surgem em França e nos EUA, na segunda metade do século XIX, utilizando-se um sistema desenvolvido por Hennebique. Uma das primeiras expressões arquitetónicas deste modelo é a casa construída por Auguste Perret, em 1903, em Paris.

Em Portugal, a indústria do cimento inicia-se em 1894 com a fábrica de cimento Tejo, em Alhandra. Porque se tratava de um material de carácter experimental era utilizado somente em pontes e na arquitetura industrial.


A exploração das possibilidades estruturais e plásticas do betão

O princípio do século XX é caracterizado pelo aumento da utilização do betão armado. Numerosas patentes definem as bases de cálculo e as disposições de armaduras a adotar para diversos elementos estruturais. O primeiro regulamento português no domínio do betão armado é aprovado em 1918.

Le Corbusier, um dos grandes mestres da arquitetura moderna, elabora, entre 1914 e 1917, o sistema Domino. Este é constituído por lajes planas, pilares e fundações em betão armado. Este sistema permite uma grande liberdade conceptual e maior rigor, economia e rapidez em obra.

Em Portugal é a partir das décadas de 20/30 que as possibilidades estruturais e plásticas do betão passam a ser assumidas por uma geração de arquitetos modernistas, como por exemplo Pardal Monteiro, Cristino da Silva, Carlos Ramos, Cottinelli Telmo, Cassiano Branco, Rogério de Azevedo e Jorge Segurado.

O novo material permite a construção em altura e a concretização de grandes vãos.


Pós-Guerra e o uso do betão na arquitetura moderna

Após a 2ª Grande Guerra a necessidade de uma reconstrução rápida e barata, leva a que o betão armado seja bem aceite e se afirme como material estrutural, de uso predominante.

Mas a arquitetura moderna explora outras potencialidades do betão usando-o à vista. É exemplo a Unidade de Habitação de Marselha projetada por Le Corbusier na década de 50. O uso da capacidade do betão para criar novas formas é igualmente bem visível na arquitetura de Óscar Niemeyer em Brasília. Os seus edifícios assumem um carácter quase escultórico.


Em Portugal

Em Portugal, a construção do edifício do Laboratório de Engenharia Civil (LNEC) em 1952, pelo arquiteto Pardal Monteiro, proporciona o desenvolvimento de estudos sobre o betão.

Outro exemplo de referência é o Pavilhão dos Desportos no Porto, projetado por José Carlos Loureiro, em 1952.


Na década de 60, Álvaro Siza, no Porto, e Nuno Teotónio Pereira, em Lisboa, experimentam o uso do betão à vista nas suas obras.

Piscina das Marés Siza Piscina das Marés Siza
Piscinas das Marés - Matosinhos, Álvaro Siza, 1966

Igreja de Coração de Jesus - Lisboa, Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas, 1967 (Fotografia: wikimedia)

Nos anos 90 são desenvolvidos betões com grande diversidade de composição, com novos tipos de cofragem e diferente pigmentação. Surgem assim novas possibilidades esteticamente interessantes. Assim, arquitetos como Eduardo Souto de Moura, Barbosa & Guimarães ou Carrilho da Graça usam o betão à vista, numa arquitetura que valoriza a forma e as linhas geométricas.

O desafio atual é adaptar o processo de fabrico e o próprio betão a uma prática construtiva sustentável. É nesta linha de pensamento que o atelier E-Studio, sediado em Lisboa, criou o betão orgânico, um produto inovador galardoado com o Organic Awards 2007. Composto por betão normal misturado com terra compactada permite o crescimento de vegetação, podendo assim ser aplicado em pavimentos exteriores ou muros de suporte, garantindo simultaneamente a sua permeabilidade.


5 obras em betão à vista em Portugal


Biblioteca de Viana do Castelo

Álvaro Siza, 2008



Casa das Histórias

Eduardo Souto de Moura, 2009

Casa das HistóriasVer Projeto

Tribunal Gouveia

Barbosa & Guimarães, 2011

Tribunal de GouveiaVer Projeto

Centro de Artes Contemporâneas da Ribeira Grande, Açores

João Mendes Ribeiro e Menos é Mais, 2015
ArquipélagoVer Projeto

Terminal de Cruzeiros de Lisboa

Carrilho da Graça, 2017

Terminal de Cruzeiros de Lisboa Ver projeto

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