A Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, é um projeto do arquiteto Eduardo Souto de Moura. Distingue-se pelas duas estruturas piramidais e pelo material usado pelo exterior: betão pigmentado com cor vermelha.
A Casa das Histórias é um espaço de exposição dedicado à pintora contemporânea Paula Rego. Localiza-se na zona central de Cascais, tendo sido inaugurado em 2009. O arquiteto Eduardo Souto de Moura é o autor do projeto, a convite da própria artista. A obra foi galardoada com o Prémio Secil de Arquitetura 2010.
“Tive a sorte de poder escolher o terreno, o que aumentou a minha responsabilidade depois da pintora Paula Rego me ter escolhido como projetista.
O terreno era um bosque murado com um vazio no meio (…). Com o levantamento das árvores, e sobretudo das copas, desenvolvi um conjunto de volumes com alturas diferentes, para responder à pluralidade do programa.
A disposição das caixas funciona assim como um positivo mineral, do negativo que sobra do perímetro das copas.”
Eduardo Souto de Moura in Memória Descritiva
Casa das Histórias Paula Rego: arquitetura
Volumetricamente, o edifício é composto por diferentes corpos, de alturas distintas, que correspondem às várias funcionalidades do programa. Alberga, assim, 750 m2 de áreas de exposição, uma loja, uma cafetaria com esplanada aberta para o jardim, um auditório com 195 lugares, para além das áreas técnicas e de serviço.
Quando se chega ao museu, no eixo da entrada, destacam-se duas grandes pirâmides, que são a livraria e o café do museu. O espaço expositivo e áreas complementares, ocupam um volume paralelepipédico, cuja horizontalidade contrabalança a presença marcante das duas torres.
As salas expositivas são sequenciais, dispostas em torno de um volume central mais elevado, que corresponde à sala de exposições temporárias. Foi, igualmente, uma preocupação de Eduardo Souto de Moura que cada sala de exposições tivesse sempre uma abertura para o exterior.
Também a materialidade exterior usada, betão pigmentado vermelho, que recobre todo o conjunto é marcante. Funciona como contraponto ao verde do bosque envolvente. A cor ao longo do tempo descolorirá, adquirindo, assim, um tom mais rosado.
Por outro lado, no interior, foram utilizados tons neutros. Branco em paredes e pavimento em mármore azulino de Cascais. Uma atitude que pretende não chocar com as obras expostas.
Por último, é de referir que a escala do edifício integra-se na envolvente, bem como, no contexto das construções do local. Há, assim, uma proximidade à tipologia habitacional. Este carácter é conseguido por aparentemente o edifício ser de piso único, uma vez que alguns dos espaços de apoio ao museu funcionam na cave. A implantação no meio do terreno, rodeado de muros e afastado da estrada, reforça, igualmente, este carácter de “casa”.
Faz, portanto, todo o sentido chamar a este museu “Casa das Histórias”.
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