Os graffitis dos prédios devolutos da Av. Fontes Pereira de Melo, em Lisboa, realizados em 2010 por artistas urbanos brasileiros, um italiano e um espanhol, são um ponto de charneira na arte urbana em Portugal
Um dos primeiros exemplos que mudaram a forma como a maioria das pessoas passa a encarar a arte urbana em Portugal foram os graffitis que ocuparam as fachadas de três edifícios devolutos na Av. Fontes Pereira de Melo, em Lisboa. Este é, assim, um ponto de viragem que colocaria Lisboa no epicentro do movimento a nível europeu.
Esta intervenção foi realizada, em 2010, por Os Gémeos (Brasil), Blu (Itália) e Sam3 (Espanha), integrada no programa Crono. Ocupam a totalidade das fachadas encerradas dos prédios, constituindo talvez assim a primeira intervenção em larga escala. O sítio, numa das zonais centrais e movimentadas de Lisboa, certamente também contribui para a rápida viralização dos murais. Um ano depois. o jornal britânico The Guardian fez o top 10 das melhores obras de street art no mundo, onde incluiu esta intervenção.
Programa Crono
Um dos responsáveis do programa Crono foi o artista urbano português Alexandre Farto, que assina como Vhils. É conhecido pelas suas caras esculpidas em paredes. Tem obras em vários países, sendo um dos artistas urbanos portugueses mais conhecidos internacionalmente.
Vhils é igualmente responsável pela plataforma Underdogs, que tem um programa de exposições e arte pública. Convida artistas urbanos portugueses e estrangeiros a visitar Lisboa, deixando a sua “marca”. A Gau (Galeria de Arte Urbana da Câmara de Lisboa) faz a ligação entre a Câmara (no caso de edifícios públicos), os proprietários de edifícios privados e os artistas, fornecendo o suporte (paredes) para as várias intervenções.
É já considerável o número de intervenções, tendo sido crescente o número de interessados e turistas que vêm ver arte urbana a Lisboa. Recentemente foram criados tours de visita e lançado um livro sobre arte urbana com o apoio da Gau.
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