Viseu


Cidade Jardim, Cidade de Viriato, "Antiqua et Nobilíssima" são alguns dos nomes como é conhecida a cidade de Viseu.


Viseu localiza-se num planalto entre a serra da Estrela e a serra do Caramulo. A sua localização geográfica, na ligação entre Espanha e o litoral de Portugal, fez desta cidade passagem obrigatória desde o período de ocupação romana.

No século II a. C. os romanos fazem de Viseu um centro urbano de grande importância, promovendo a renovação do seu tecido urbano e envolvendo-o por uma muralha. Da ocupação romana ficou a Cava do Viriato, um guerrilheiro local que combateu as legiões de Roma. A cava é um recinto de traçado octogonal com 2 km de perímetro, constituindo-se numa importante estrutura de defesa e vigia.


Fundado o condado portucalense, Viseu torna-se pertença do conde D. Henrique e da rainha D. Teresa. Após a morte de D. Henrique, a rainha reside em Viseu por algum tempo e concede-lhe o primeiro foral. O segundo foi-lhe concedido por D. Afonso Henriques em 1187.

No século XIV Viseu foi atacada, saqueada e incendiada pelas tropas de Castela. Após este ataque D. João I mandou construir uma muralha de defesa, concluída no reinado de D. Afonso V. Servida por sete portas, hoje apenas restam a Porta do Soar, na zona da Sé e encostada ao Palácio dos Melos, e a Porta dos Cavaleiros, localizada junto à Av. Emídio Navarro.


O centro histórico de Viseu é um labirinto de ruelas, muitas delas ladeadas por antigas casas nobres, que vão dar ao ponto mais alto da cidade, a Praça da Sé. Deve o nome à presença da Sé Catedral, um edifício gótico construído nos séculos XIII e XIV, cujas torres são um ponto de referência na malha urbana.

Junto à Sé localiza-se o antigo Paço dos Três Escalões, atualmente Museu Grão Vasco, cuja construção teve início em 1593, sendo na altura seminário ou colégio do clero. Este edifício, totalmente em granito, que se encontrava praticamente em ruína, sofreu uma reabilitação de autoria do arquiteto Eduardo Souto de Moura, em 1993/04. A intervenção tem um carácter minimalista, sublinhada pela opção de não colocação de telhado tradicional de telha cerâmica, como era vulgar neste tipo de edifício, e pelo tipo de caixilharia oculta usada pelo arquiteto.




Ainda na mesma praça, em frente à Sé, foi erguida no século XVIII, a Igreja da Misericórdia, com estilo rococó.
Percorrendo as ruas do centro histórico, encontramos ainda outras igrejas e capelas, casas senhoriais em granito e alguns exemplares de janelas manuelinas, como a da casa onde nasceu o rei D. Duarte.


Durante o século XVI, a cidade alarga-se para o Rossio, que acaba por tornar-se no novo centro urbano e onde mais tarde se instala a Câmara Municipal. Nele se encontra um painel de azulejos, em tons azulados, que retrata o modo de vida beirão.

O desenvolvimento da cidade moderna deu-se no século XIX com o melhoramento das vias de transporte, elementos estratégicos de ligação entre a Europa e o litoral português. Em 1882 inaugura-se o caminho de ferro.

A partir da 2ª metade do século XX, o planeamento passa a assumir um papel decisivo no crescimento da cidade. A expansão urbana baseia-se num modelo de circulares radiais, permitindo o alargamento da cidade por uma vasta área urbanizável, anteriormente rural. Ao longo desta radial são criadas novas polaridades como o Hospital, o Politécnico, o Palácio da Justiça, hotéis unidades comerciais e de lazer.

A nível de arquitetura, destacamos a reabilitação da Pousada de Viseu, da autoria de Gonçalo Byrne. Trata-se de um edifício neoclássico, construído em 1793, originalmente ocupado pelo antigo hospital da Santa Casa da Misericórdia. Encontrava-se bastante degradado, tendo sido totalmente renovado. A nível de interiores, destaca-se a cobertura em vidro do pátio central, que funciona como zona de bar e  de estar da pousada.

Fotografia: Pousada de Viseu (pousadadeviseu.com)

Viseu apostou na qualidade ambiental e na criação de espaços verdes, como os Parques Aquilino Ribeiro, vulgarmente chamado parque da Cidade, e do Fontelo. É considerada uma cidade-jardim.

O Programa Polis de Viseu, levado a cabo entre 2000 e 2008, com arquitetura de Gonçalo Byrne, divide-se em três zonas de intervenção contíguas: a área correspondente à Cava do Viriato, o Parque Urbano da Radial de Santiago (Parque da Feira) e o Parque dos Açudes.

O parque da Radial de Santiago, ocupa uma área de mais de 23 hectares e dá continuidade a um corredor ciclo-pedonal e de lazer, ao longo do rio Pavia.

A ideia conceptual do Parque dos Açudes baseia-se em dois aspetos fundamentais: a definição de uma envolvente qualificada circundante à Cava do Viriato; e a constituição de uma rede hidrológica das linhas de água, com função de retenção de água.


A nível de património natural, no Monte de Santa Luzia, encontra-se uma das mais importantes jazidas de quartzo da Europa, cuja extração, ao longo de décadas, provocou um enorme rasgão na paisagem. Sendo um elemento altamente negativo em termos de impacte ambiental procedeu-se à recuperação do que restava da exploração abandonada. Reabilitou-se o espaço e construiu-se o museu do quartzo, inaugurado em 2012. O projeto arquitetónico de Mário Moutinho foi galardoado em 1997, com o Prémio Nacional do Ambiente.




atualizado 29.1.2015

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