Museu do Côa: um portal para a descoberta das pinturas rupestres do vale do Côa

arquitetura portuguesaO Museu do Côa, projetado por Camilo Rebelo e Tiago Pimentel, assemelha-se a um afloramento rochoso de um promontório com vista para os vales do Douro e do Côa. O seu interior revela-nos a arte paleolítica gravada nas rochas das escarpas do vale há cerca de 25 mil anos.

Parque Arqueológico do Vale do Côa

O Parque Arqueológico do Vale do Côa localiza-se em Vila Nova de Foz Côa, pertencente ao distrito da Guarda e à região interior do Douro. Ocupa as escarpadas encostas em xisto do vale do rio Côa, na sua confluência com o rio Douro.

Constitui uma galeria ao ar livre de arte rupestre, criada há cerca de 25 mil anos, pelos homens do Paleolítico. Estão identificadas cerca de 1200 gravuras, sobretudo de animais de grande porte, em 80 pontos distintos do vale do Côa.

Foz Coa

“As gravuras não sabem nadar”

Um novo capítulo da história do Vale do Côa foi escrito a partir de 1994, quando milhares de alunos de escolas de todo o país, apoiados por arqueólogos, trazem a conhecimento público a importância deste património e conseguem travar a construção da barragem do Côa, que irremediavelmente faria submergir as gravuras. O slogan usado, “As gravuras não sabem nadar”, baseava-se no hit de hip-pop dos Black Company.

Em dezembro de 1998 a Unesco classifica o Vale do Côa como Património da Humanidade e posteriormente é criado o Parque Arqueológico do Vale do Côa.

Mediante reserva e acompanhado de guia é possível ver as pinturas rupestres em três pontos: na Canada do Inferno, próximo de Vila Nova de Foz Côa; em Ribeira de Piscos, em Muxagata; e, em Penascosa, próximo da aldeia de Castelo Melhor. Há também visitas de barco pelo vale do Côa.

Museu de Foz Coa

Museu do Côa: arquitetura

O Museu do Côa, foi inaugurado em 2010, sendo o projeto de arquitetura de Camilo Rebelo e Tiago Pimentel, uma dupla de arquitetos do Porto.

A partir de Vila Nova de Foz Côa, partimos em direção ao Museu do Côa, numa estrada de cumeada e vistas desafogadas. O museu situa-se numa espécie de promontório na confluência do vale do rio Côa com o rio Douro.

Chega-se à cota alta, escolhida, para ser a cota de cobertura do museu. A ideia conceptual passa pela criação de uma espécie de afloramento rochoso fundido na paisagem. Assim, a zona de chegada, estacionamento e parte da cobertura do museu funcionam como um amplo miradouro sobre a abrangente paisagem.

Museu do Coa Museu do Coa Museu do Coa

A linguagem é assumidamente contemporânea. Contudo, a sua materialidade em betão com adição de inertes e pigmentos de xisto, que lhe conferem uma cor amarelada e textura irregular, reforça a fusão entre natural e construído. A volumetria triangular é fechada, opaca, com aberturas controladas.

Museu do Coa

Somos convidados a entrar no museu por uma longa rampa que desce em direção à entrada principal, numa alusão a uma fresta de uma rocha. Trata-se de um percurso intimista que nos traz à memória a entrada numa gruta.

Museu do Coa Museu do Coa

O edifício desenvolve-se, assim, para baixo, tirando partido da pendente do terreno. O piso mais baixo, é ocupado pelo bar/restaurante, com fachadas em vidro, e que faz descolar o edifício do solo, enfatizando a ideia de um monolito em equilíbrio sobre a encosta.

Museu do Coa Museu do Coa Museu do Coa

Por outro lado, as superfícies envidraçadas espelham os vales do Douro e do Coa, duplicando a paisagem e, mais uma vez, fundindo natural e construído.

Museu do Coa Museu do Coa

No interior uma sequência de salas mostra-nos através de informação multimedia e interativa, réplicas de gravuras e exposição de artefactos um pouco do que existe lá fora, gravado nas rochas do parque. O projeto museológico é sequencial levando-nos desde a origem da humanidade até aos nossos dias, à génese da criação do parque arqueológico e do museu.

gravuras rupestres Foz coa gravuras rupestres Foz coa

O museu do Côa, é, assim, um portal para o conhecimento da arte rupestre, não substituindo a descoberta dos sítios arqueológicos do vale do Côa.



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