Ilha de S. Miguel: roteiro de 5 dias

arquitetura portuguesa Roteiro de 5 dias na ilha de São Miguel, nos Açores. Um roteiro que não se foca só em arquitetura mas que desvenda um pouco da ilha "verde" a que alguns chamam de paraíso.


Dizem os amantes da natureza que os Açores são o paraíso. Na minha opinião existem vários "paraísos". Lugares, experiências e pessoas que nos tocam, nos marcam pela positiva, nos fazem querer voltar. Mas, sem dúvida, que para mim, S. Miguel é um desses paraísos.

Não será um daqueles destinos que se destaca pela sua arquitetura, mas também ela não nos deixa indiferente. Na verdade, natural e construído, aqui fundem-se harmoniosamente.

Nas construções predomina o branco das paredes que contrasta com a pedra basáltica local, de cor negra. Esta materialidade é transversal à arquitetura tradicional e à contemporânea. Nas muitas habitações contemporâneas espalhadas pela ilha há jogos volumétricos, balanços, recortes, a abertura para o mar e o enquadramento no verde envolvente.

arquitetura Açores

A ilha de S. Miguel oferece-nos pequenos paraísos naturais, onde não falta água, muitas vezes quente, e um imenso verde. Lagoas, cascatas, miradouros, trilhos, praias... De abril a setembro as estradas ficam ladeadas de hortenses. Vêem-se vacas calmamente a pastar. Apetece parar a cada curva.

Açores

O tempo é incerto, mesmo no verão, por isso vestir fato de banho e levar um impermeável não é descabido. Diz-se que num mesmo dia pode vivenciar-se as 4 estações.

A temperatura da água do mar convida a um mergulho mesmo com tempo encoberto como apanhamos nesta mais recente visita, no final de setembro.

Caloura

Depois há a gastronomia: cozido das furnas, carne de vaca, lapas, queijos, pão lêvedo... Este não é um roteiro gastronómico, mas quem resiste?

gastronomia Açores gastronomia Açores


Este é um roteiro para 5 dias, apenas com alguns dos pontos-chave, porque parte do prazer de uma viagem é também o prazer da descoberta, da aventura, de nos deixarmos levar pelo ritmo do tempo e, em particular, nos Açores, pelas condições atmosféricas.


#1 Ponta Delgada

Ponta Delgada tornou-se a capital da ilha no século XVI, após um terramoto ter devastado a primeira capital, Vila Franca do Campo.

A nível de património histórico destacam-se: as portas da cidade, o portal manuelino da igreja matriz e o Forte de São Brás, contruído em meados do século XVI.

Portas da Cidade S. Miguel
Portal manuelino Ponta Delgada
Forte de S. Brás S. Miguel

E não deixe de olhar para o chão, nos passeios empedrados predomina o negro do basalto.

A marina é outro ponto chave da cidade, com restaurantes, lojas e onde se pode reservar viagens de barco para avistar golfinhos e baleias.

Aqui e ali, deparamo-nos com arte urbana, realizada no âmbito do festival Walk & Talk.

Walk & Talk Walk & Talk


#2 Furnas e lado oriental da ilha

Vale das Furnas

Rumando ao lado nascente da ilha o primeiro ponto de visita são as Furnas. A estrada de acesso empedrada e ladeada de árvores conduz-nos à Lagoa das Furnas, um autêntico espelho de água que duplica o verde do vale envolvente.

Furnas Furnas

Na margem sul da lagoa, localiza-se o Centro de Monitorização e Investigação das Furnas, projetados pelos arquitetos Aires Mateus e concluído em 2010. Tem como objetivo "divulgar a história e evolução do Vulcão das Furnas e a intervenção do Laboratório de Paisagem na proteção e recuperação dos ecossistemas na área de paisagem protegida".

Centro de Monitorização e Investigação das Furnas

Junto à lagoa, o fumo das fumarolas, relembra-nos que ainda hoje se registam fenómenos de vulcanismo. O cheiro: a enxofre; o ambiente: quente e húmido, pela presença do vapor de água que sai das caldeiras. É aqui, em panelas enterradas, que se cozinha o famoso cozido.

Furnas Furnas

Subindo em direção à povoação das Furnas é visita quase obrigatória ir a um dos parques com água termal quente, onde tomar banho é uma experiência relaxante. E realmente "água quente e chuva combinam bem!".

Parque Terra Nostra

Terra Nostra

Poças da D. Beija

A requalificação deste complexo de piscinas termais de água quente é do estúdio M-Arquitectos. A intervenção centrou-se na requalificação dos espaços exteriores, designadamente na criação de um conjunto de passadiços em deck, e nos edifícios da receção e balneários. Estes são totalmente revestidos a madeira de criptoméria, estabelecendo-se assim, uma relação de maior equilíbrio com a envolvente.

Poças da D. Beija

O resto do dia foi para dar a volta de carro pelo lado nascente da ilha, onde muitos miradouros nos oferecem perspectivas ímpares.

Miradouro do Pico dos Bodes

Miradouro Pico dos Bodes Miradouro Pico dos Bodes

Miradouro da Ponta do Arnel

Miradouro da Ponta do Arnel



#3 Lagoa das Sete Cidades e lado ocidental da ilha

Na direção ocidental percorremos a estrada junto à costa, antes de subir rumo à Lagoa das Sete Cidades. Pelo caminho descobrimos mais miradouros e alguns moinhos e faróis.

Moinho Açores Farol Açores

Ponta da Ferraria

O primeiro ponto de paragem foi a Ponta da Ferraria. Trata-se de um local, que devido ao contacto da lava com o mar, formou um conjunto de piscinas naturais. Nascentes de águas termais garantem que na maré baixa se tome banho com água quente.

Ponta da Ferraria

Lagoa das Sete Cidades

Conta a lenda que a lagoa das Sete Cidades, que engloba uma lagoa azul e outra verde, formou-se com as lágrimas derramadas no último encontro de uma princesa de olhos azuis e um pastor de olhos verdes, cujo amor foi proibido pelo rei do reino das Sete Cidades.

Na verdade a Lagoa é a cratera do vulcão e constitui o maior reservatório de água doce da ilha de S. Miguel. A diferença de cores deve-se à Lagoa Verde ser circundada por encostas mais fechadas e, portanto, reflete mais a vegetação circundante; enquanto que a azul, sendo maior, espelha mais reflexos do céu.

Lagoa das Sete Cidades

Junto do lago, encontra-se o Complexo Ambiental da Lagoa das Sete Cidades. O projeto é da autoria de Eduardo Souto Moura e Adriano Pimenta Arquitectos, tendo aberto ao público em 2013.

Lagoa das Sete Cidades

Do miradouro da Vista do Rei a visão é abrangente. Junto a ele o famoso hotel abandonado

Lagoa das Sete Cidades hotel abandonado Lagoa das Sete Cidades Hotel abandonado


Lagoa do Canário

O mau tempo impediu-nos de ver a tão conhecida Vista da Boca do Inferno, mas ainda deu para descer até à Lagoa do Canário e apreciar a vegetação do parque.

Lagoa do Canário Lagoa do Canário


Mosteiros

De volta à costa, ao extremo noroeste da ilha, econtramos a praia de Mosteiros. O nome da vila advém da presença de quatro grandes rochedos no mar. Para além da praia é possível tomar banho nas piscinas naturais enquadradas nas rochas.

Mosteiros MosteirosMosteiros jul'17

#4 Lagoa do Fogo e área central

Na zona central da ilha, uma via rápida atravessa a ilha e liga Ponta Delgada, a Lagoa, a sul, e a Ribeira Grande, a norte.

Lagoa do Fogo

É nesta área, numa das montanhas mais altas, que se encontra a segunda maior lagoa de S. Miguel, a Lagoa do Fogo. O acesso automóvel faz-se por ambas as vertentes norte e sul. O acesso à cota baixa da lagoa, a praia da lagoa do Fogo, faz-se por íngremes trilhos. Esta praia foi classificada como uma das sete Maravilhas de Portugal em 2012



Cascata do salto do Cabrito

Descendo em direção a Ribeira Grande encontramos a Cascata do Salto do Cabrito. O acesso de carro é em terra batida e o último troço que se pode fazer de carro ou a pé é muito íngreme.

Cascata do Salto do Cabrito


Ribeira Grande

Ribeira Grande é a segunda cidade da ilha de S. Miguel. É uma área sensivelmente plana, na base da serra de Água de Pau. A sua praia é conhecida pela prática de surf.

Entre o seu património arquitectónico destacamos o Arquipélago, o centro de Artes Contemporâneas que visitamos em 2017 e cujo artigo pode ler neste link

Arquipélago

#5 Ilhéu de Vila Franca

Em Vila Franca do Campo, na costa sul da ilha, localiza-se o ilhéu que se originou a partir de uma erupção vulcânica no mar.

O acesso faz-se exclusivamente de barco e pode entrar-se no ilhéu entre junho e outubro, com partida às horas certas na marina. Em alternativa pode-se optar por uma viagem à volta do ilhéu, que dependendo da duração pode incluir snorkling e mergulho junto do ilhéu ou a praias quase inacessíveis por terra. Foi esta a nossa opção.

Ilhéu de Vila Franca
Ilhéu de Vila Franca Ilhéu de Vila Franca
Ilhéu de Vila Franca
Ilhéu de Vila Franca Ilhéu de Vila Franca


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