As mulheres na arquitetura

Historicamente a arquitetura está associada ao género masculino, mas hoje as mulheres têm cada vez mais espaço no mundo da arquitetura.


[Uma perspetiva das mulheres na arquitetura neste Dia Internacional da Mulher]


Apesar da imagem de arquiteto e da história da arquitetura estar associada cultural e socialmente ao género masculino, hoje as mulheres têm cada vez mais espaço no mundo da arquitetura.


Quando falamos em grandes nomes da arquitetura internacional no feminino provavelmente o primeiro nome que nos vem à cabeça é o de Zaha Hadid, a arquiteta iraquiana galardoada com um Prémio Pritzker e que nos habituou a uma arquitetura ousada e inovadora.


Também na história da arquitetura moderna, muitas mulheres estiveram ao lado dos grandes mestres, embora o seu trabalho passasse despercebido para a maioria. Marion Mahony Griffin, uma das primeiras mulheres no mundo licenciada em arquitetura, trabalhou ao lado de Frank Lloyd Wright, sendo suas muitas aguarelas do compêndio de desenhos de Wright.


Lina Bo Bardi, uma arquiteta ítalo-brasileira nascida em 1914, é autora de projetos de destaque no Brasil, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e a Casa de Vidro.


Kazuyo Sejima, uma arquiteta japonesa, galardoada em 2010 com o prémio Pritzker, tem projetos como o New Museum, em Nova Iorque, o Louvre-Lens, em França e a Shibaura House, no Japão.


Em Portugal

Maria José Estanco foi a primeira mulher a licenciar-se em arquitetura em Portugal. Apresentou como tese um projeto do que poderia ser o primeiro Jardim-Escola João de Deus a ser construído no Algarve, mas que não passou do papel. Apesar de ter tentado trabalhar em vários ateliers nunca conseguiu exercer a profissão e enveredou pela docência.

Helena Roseta, arquiteta, política, autarca e Presidente da Ordem dos Arquitetos, entre 2001 e 2007, é a prova viva que as mulheres também podem chegar aos lugares de topo.

No panorama atual cada vez há mais arquitetas com obras de referência e com ideias inovadoras.

Licenciada em Arquitetura pela Universidade Técnica de Lisboa, Inês Lobo acumula a atividade docente com a de projeto em atelier próprio. Entre as suas obras destaca-se o Complexo de Artes e Arquitetura da Universidade de Évora, algumas escolas do Programa Parque Escolar e um conjunto de habitações em Óbidos.


Graça Correia é cofundadora dos Correia Ragazzi arquitetos, sendo paralelamente professora da FAUP. Destacamos duas das suas mais conhecidas obras: uma habitação no Gerês e a recente reabilitação de um apartamento em Braga.


Outra arquiteta, cuja obra foi diversas vezes premiada internacionalmente, é Cristina Guedes, do atelie Menos é Mais.


No dia-a-dia da maioria dos ateliers e de funções públicas a presença feminina é tão familiar e inquestionável, que muitos criticam a pertinência do tema das mulheres na arquitetura.

Mas quem é mulher e arquiteta em Portugal, como eu, entende que, embora não tenha sentido na pele discriminações, ainda há chão a percorrer na luta pela igualdade de género. Os principais obstáculos estão ligados à conciliação entre maternidade/profissão, ao trabalho em obra, onde ainda há uma predominância masculina, e ao acesso a cargos de topo.

Porque superar desafios torna a vida mais interessante, a arquitetura no feminino faz-se em qualquer área que decidamos abarcar: projeto, obra, ensino, escrita…

Feliz Dia das Mulheres!


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