Conhecida como a cidade dos 5 F's - Forte, Farta, Fiel, Fria e Formosa - a Guarda é hoje uma cidade que aposta no desenvolvimento sustentado e na sua afirmação como um polo dinamizador no interior centro norte do país. Um ponto de charneira entre Portugal e a Europa.
Guarda localiza-se na região centro interior norte do país, a nordeste da Serra da Estrela, a uma altitude de 1056m, sendo a cidade mais alta de Portugal.
A origem da cidade remonta ao fim do período neolítico como o testemunha a Anta de Pêro do Moço datada do século III a. C.
Nos primeiros séculos da romanização viviam na região povos lusitanos que resistiram à romanização durante dois séculos. Podem hoje observar-se inscrições religiosas lusitanas no Santuário do Cabeço das Fráguas.
O 1º foral foi atribuído em 1199 pelo rei D. Sancho I que mandou erigir o castelo e muralhas. Em 1203, Guarda é elevada a cidade episcopal tendo sido escolhida por diversos reis da primeira e segunda dinastias para nela assinarem tratados ou estabelecerem acordos.
Durante a Idade Média a Guarda detinha uma importante função defensiva, sendo rodeada por uma rede de castelos como o de Trancoso, de Castelo Rodrigo, de Pinhel, de Almeida, do Sabugal e de Sortelha, entre outros.
Em 1390 a mando do rei D. José I é construída a atual Sé (foto de capa), só ficando concluída no final do século XVI. É um templo do gótico final com apontamentos manuelinos como o portal. No século XIX é restaurada com projeto do arquiteto Rosendo Carvalheira que empreende uma reforma revivalista.
No sécullo XV fixa-se no centro da cidade uma comunidade judaica que para além da atividade de comércio, introduziram a industria das peles. o que contribuiu significativamente para o crescimento económico da Guarda. Ainda hoje este bairro, localizado perto da Porta D'El Rei, conserva a sua morfologia medieval e símbolos nos umbrais das portas.
Nos séculos XVII e XVIII a urbe desenvolve-se no interior da muralha em torno da Praça Velha (atual Praça LuÍs de Camões) dominada pela Sé. Os arrabaldes apresentam-se descontínuos com pequenos núcleos populacionais que fazem a transição para o espaço rural.
A nível arquitectónico destaca-se a construção do Seminário, do Paço Episcopal e de alguns solares e casas apalaçadas, como o Solar dos Teles de Vasconcelos, que albergou a biblioteca municipal desde o século XIX até esta ser transferida em 2008 para edifício próprio. Ainda na época barroca são edificadas a Igreja da Misericórdia e de S. Vicente.
A partir da 2ª metade do século XIX há uma melhoria das infraestruturas rodoviárias e ferroviárias ficando a cidade numa posição dominante em relação a uma das mais importantes entradas no país, a fronteira de Vilar Formoso.
A introdução do caminho de ferro em 1882 e o posicionamento da estação a 3km do centro histórico altera a fisionomia da cidade. É criado um eixo viário estruturante e em torno da gare desenvolve-se uma zona industrial.
Nos finais do século XIX as muralhas e castelo são parcialmente destruídos para se unir o centro aos arrabaldes, restando hoje algumas troços como as portas d'el Rei, a Porta da Erva e a Torre dos Ferreiros. O crescimento é condicionado pela difícil topografia sendo mais notório no lado oriental da cidade.
Devido à especificidade do seu clima e proximidade à Serra da Estrela a cidade é procurada para tratamento de doenças pulmonares, sendo inaugurado em 1907 um sanatório cujo projeto é da autoria de Raul Lino.
No inicio do século XX surgem novos bairros habitacionais distantes do centro histórico. Continuam a rasgar-se novos arruamentos e a proceder-se a demolições e expropriações por forma a regular o crescimento urbano.
Durante o período do Estado Novo foram empreendidas algumas terraplanagens para a abertura de novas vias que suavizam a topografia. Dá-se um aumento da construção de habitações o que leva à expansão urbana. São construídas casas e blocos habitacionais de renda económica e empreende-se a construção e reconstrução de equipamentos públicos. São ainda criadas infraestruturas básicas, melhoram-se os espaços ajardinados e são construídos equipamentos desportivos e de lazer.
A partir da década de 70 verifica-se um esvaziamento dos edifícios do centro histórico e a sua consequente degradação, só travada recentemente através do incentivo à reabilitação urbana. Algum comércio fecha portas e a Câmara Municipal muda de instalações na década de 90 do século XX, o que dá origem à mudança do centro da cidade junto à Sé para uma nova praça e à criação de uma nova centralidade administrativa.
No ano 2000 enceta-se um programa estratégico que tem como objetivo a regeneração urbana da Guarda. Esta ação visa aumentar a qualidade de vida dos habitantes e valorizar o centro histórico e o seu património potenciando o turismo. Simultaneamente pretende-se dinamizar a economia da cidade.
Surge integrado nesta estratégia o Programa Polis da Guarda. Abrange uma área de 176 hectares e tem duas grandes áreas de intervenção: a criação de um parque urbano junto do rio Diz e da estação de comboios e a requalificação do centro histórico. Estão ainda previstas outras ações de valorização do espaço público e do património edificado.
A nível arquitectónico destaca-se a construção do Teatro Municipal da Guarda projetado pelos AVA, arquitetos e inaugurado em abril de 2005. Selecionado para o prémio Mies Van der Rohe em 2006, o edifício materializa-se em dois cubos, o maior, revestido a GRC (betão com fibra de vidro) alberga um grande auditório e o mais pequeno, um cubo de vidro translúcido, integra o café-concerto e uma galeria de arte.
Também o centro comercial Vivaci, é uma obra assumidamente contemporânea, desenhada pelo atelier Promontório.
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