Vila Real, situada na região de Trás os Montes, é uma cidade em desenvolvimento a nível industrial, comercial e de serviços com relevo para a saúde e o ensino. A sua arquitetura combina edifícios históricos e contemporâneos, preservando-se memórias mas apostando-se em arquitetura de autor.
Vila Real localiza-se num planalto na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, erguendo-se a cerca de 450m de altitude sobre as margens do rio Corgo, um dos afluentes do Douro, estando rodeada por montanhas das Serras do Marão e do Alvão. É capital de distrito e uma cidade com vários séculos de história.
Povoada, segundo se julga, desde o paleolítico, existem testemunhos da presença de diferentes povos, entre eles os romanos como o atesta o Santuário de Panóias, construído entre os finais do séc. II e o princípio do séc. III d.C. Classificado como Monumento Nacional, é formado por três grandes fragas onde foram talhadas cavidades de diferentes tamanhos, para sacrifício de animais, e feitas inscrições em latim e grego com as instruções sobre os rituais de culto às divindades.
As invasões muçulmanas impõem um despovoamento que só termina no século XI, altura em que é concedido o primeiro foral a Constantim de Panoias. No entanto, a fundação de Vila Real de Panoias, que viria a originar a atual cidade, ocorre em 1289 com o foral de D. Dinis.
O núcleo primitivo de Vila Real localiza-se num promontório delimitado pelos rios Corgo e Cabril, hoje conhecido como Vila Velha. No séc. XIV o burgo é rodeado de muralhas, construídas com pedras retiradas da abandonada Panóias, e defendido a norte por um castelo. Grande parte das muralhas são destruídas no séc. XIX. Era dotada de uma paróquia de S. Dinis cuja igreja, construída no séc. XIV, encontra-se atualmente no interior do cemitério.
Ao longo dos séc.s XIV e XV os habitantes abandonam progressivamente a Vila Velha, verificando-se a transferência da vida económica e social para a zona mais a norte, a Vila Nova. Grande parte das boas casas surge assim fora do recinto amuralhado.
Ainda no séc. XV são construídos dois conventos: S. Domingos, cuja igreja é a atual Sé e que apresenta uma traça gótica, e o de S. Francisco, onde se encontra hoje o quartel da GNR.
A partir do séc. XVI dado a igreja de S. Dinis se ter tornado exígua para o número de pessoas que a frequentavam e se encontrar numa posição excêntrica são construídas novas igrejas: S. Pedro e Misericódia.
Nos séc.s XVII e XVIII o desenvolvimento da cultura da vinha e do comércio do Vinho do Porto e a presença da nobreza por influência da casa dos Marqueses de Vila Real, cuja casa, na Av. Carvalho Araújo, apresenta uma bela janela geminada manuelina, contribuem para o desenvolvimento de Vila Real, passando a cidade a ser conhecida como a Corte de Trás-os-Montes.
O estilo barroco é utilizado com mestria em palácios, com destaque para a Casa de Mateus, (foto de capa) desenhada por Nicolau Nasoni e na Igreja dos Clérigos também conhecida como Capela Nova, da autoria do mesmo arquiteto.
O início do séc. XX marca a chegada do caminho de ferro cuja estação, inaugurada em 1921, se localiza na margem esquerda do Corgo. A linha do Corgo que unia Chaves à Régua foi desativada em 2010.
Vila Real passa a sede de dioceses em 1922 e é elevada a cidade em 1925.
Até à década de 50 do séc. XX o crescimento urbano é reduzido, tendo a cidade uma mancha bem definida. Na época do Estado Novo é lançado o Anteplano Geral de Urbanização, da autoria do arq.uiteto João Aguiar, que ordena a expansão contígua para norte com criação de novos bairros, mercado, jardim, cemitério e estádio.
Nas décadas de 80 e 90, com a instalação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), a criação da auto estrada A4 e a construção do Hospital Distrital, Vila Real desenvolve-se, registando um aumento demográfico.
No final do séc. XX e início deste século verifica-se um investimento público e privado na construção de novos equipamentos, grandes superfícies comerciais e habitação. Dá-se igualmente alguma fixação de industria.
Impulsionadas por estas construções consolidam-se novas áreas de expansão urbana que vêm introduzir um carácter mais desfragmentado à malha urbana.
A nível de arquitectónico há uma clara aposta na utilização de uma linguagem contemporânea, conferindo à cidade uma imagem moderna mas mantendo um diálogo equilibrado com o seu património histórico.
O Teatro Municipal, construído em 2004 e projetado por Filipe Oliveira Dias, traz a Vila Real e a toda a região uma nova dinâmica cultural. É constituído pelo grande Auditório com capacidade para 500 lugares, o Pequeno Auditório com 150 lugares, um Auditório Exterior, espaços expositivos e bar-esplanada, entre outros.
Outros projetos de referência são a Biblioteca Municipal, uma construção de raiz inaugurada em 2006, e o Conservatório de Música, um projeto de reabilitação e ampliação do antigo convento de S. Domingos. Ambos têm projeto de António Belém Lima.
Conservatório de MúsicaBiblioteca municipal
No âmbito do Programa Polis é construído e inaugurado em 2005 o Parque do Corgo, um espaço verde com 5km de percursos pedonais nas margens do rio. Em 2013 é intervencionado a fim de garantir maior segurança e eliminar dissonâncias ambientais.
O Polis de Vila Real abrange igualmente a requalificação da Vila Velha, valorizando-se o seu valor arqueológico confirmado através de escavações efetuadas em 2003. A intervenção promove a recuperação e reordenamento do edificado existente de modo a restabelecer-se a métrica medieval da zona. São criadas infraestruturas básicas de saneamento e efetuados arranjos exteriores públicos com introdução de mobiliário urbano e iluminação.
A Vila Velha conta ainda com um novo espaço museológico, o Museu Arqueológico da Vila Velha. Inaugurado em 2008 com projeto também do arquiteto António Belém Lima, divulga a cultura, história e património local.
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