Mosteiro da Batalha: o apogeu do gótico em Portugal

O Mosteiro da Batalha ou de Santa Maria da Vitória é o edifício mais significativo do gótico português e está classificado como Património Mundial pela Unesco.



Mosteiro da Batalha: arquitetura

Localizado no centro da Batalha, distrito de Leiria, o Mosteiro da Batalha foi mandado edificar pelo rei D. João I para comemorar a vitória de Portugal sobre Castela na Batalha de Aljubarrota, travada em 1385. O local de implantação do mosteiro situa-se a cerca de 3km do Campo de Batalha. A construção do Mosteiro da Batalha teve início em 1386 e prolonga-se até 1517.

Pela sua grande extensão, complexidade da obra e diferentes gerações de mestres e operários que por lá passam, o Mosteiro da Batalha torna-se num campo de experimentação erudito, uma escola prática onde se ensinam e testam formas e opções estéticas góticas / manuelinas. Muitos dos mestres e outros profissionais que lá trabalham são depois responsáveis por obras noutros locais do país.

Os mestres

Entre os vários mestres que passam pelo Mosteiro da Batalha destacam-se: Afonso Domingues, Huguet, Fernão de Évora e Mateus Fernandes.

Afonso Domingues

Afonso Domingues é responsável pelo esquema geral: traçado da igreja, claustro e Sala do Capítulo.

A planta da igreja segue o esquema dos templos góticos mendicantes portugueses. É constituída por três naves, com transepto pronunciado e cinco capelas na cabeceira, sendo o teto abobadado. A linguagem adotada por Afonso Domingues é denominada gótico radiante, que corresponde a uma primeira fase de estilo gótico em Portugal com um desenho mais tradicional.

Huguet

Em 1402, após a morte de Afonso Domingues, a chefia do estaleiro é entregue ao mestre Huguet, cuja nacionalidade não é precisa. Huguet introduz no mosteiro o gótico flamejante apresentando um gosto pela delicadeza, pela estrutura fina e pela transparência decorativa.

Huguet é responsável pela cobertura em abóbada da igreja e da Sala do Capítulo e pela conclusão do claustro. Procede igualmente ao redesenho da fachada com sobreposição de um rendilhado decorativo às partes estruturais desenhadas por Afonso Domingues.

É o autor da Capela do Fundador, localizada à direita junto da entrada, um panteão régio de forma quadrangular coberto por uma abóbada de uma notável técnica construtiva.

A mando do rei D. Duarte inicia a construção das chamadas Capelas Imperfeitas, desenhadas como uma rotunda de oito lados com sete capelas e localizadas por detrás da cabeceira da Igreja, no alinhamento da capela-mor. A morte do rei e do próprio mestre Huguet levaram a que estas capelas mortuárias nunca fossem concluídas, advindo-lhe daí o nome de Imperfeitas ou Inacabadas.

Fernão de Évora

Depois de terminado este ciclo construtivo o ritmo de obras no mosteiro abranda sendo construído sob direção do mestre Fernão de Évora o claustro do rei D. Afonso V num estilo gótico mais desornamentado. Retoma-se o gosto português por uma arquitetura mais simples e depurada.

Mateus Fernandes

Na transição do séc. XV para o séc. XVI desenvolve-se em Portugal o estilo manuelino, correspondendo, como o nome indica ao reinado de D. Manuel I e à época dos Descobrimentos. É considerado um momento do gótico final ou flamejante com características nacionais.

O primeiro arquiteto manuelino foi Mateus Fernandes que dirige o estaleiro da Batalha sendo o autor do portal que dá acesso às Capelas Imperfeitas, entre outras intervenções de carácter mais pontual e encerrando-se a obra de construção do Mosteiro da Batalha.

Operação de restauro no século XIX

Durante o século XIX, devido ao seu estado de degradação, o Mosteiro da Batalha sofre avultadas obras de restauro pela mão de Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque, inspector Geral das Obras Públicas do Reino.

Em 1907 é classificado como Monumento Nacional e em 1983 é reconhecido Património Mundial pela Unesco.



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