A cidade barroca

arquitetura portuguesa Na concepção do espaço urbano barroco são utilizados três princípios fundamentais:a perspectiva, a linha recta e a uniformidade.


Embora a delimitação temporal do período barroco não seja consensual, consideramos período barroco o espaço temporal compreendido entre os séc.s XVII e XVIII. A nível urbanístico, durante o período barroco, dá-se uma aplicação dos princípios do racionalismo ao desenho das cidades. Os racionalistas consideram que a produção urbana do passado é fruto do acaso e que as intervenções urbanísticas devem obedecer a princípios geométricos e artísticos. Nasce a cidade como arte.

Na concepção do espaço urbano barroco são utilizados três princípios fundamentais: a perspectiva, a linha recta e a uniformidade.

Baseados nestes princípios são criados programas monumentais para enquadrar palácios, igrejas e outros edifícios importantes. São ainda construídos hospitais, estabelecimentos de ensino, conjuntos habitacionais, alamedas, passeios públicose jardins, entre outros.

Durante este período, o poderio económico da França e o movimento cultural e ideológico iluminista colocam o urbanismo francês numa posição de vanguarda.

A cidade-residência de Richelieu é um dos primeiros exemplos do urbanismo barroco. O palácio do cardeal e o seu jardim inserem-se num rectângulo que constitui uma composição simétrica relativamente a um grande eixo visual. No projeto do Palácio de Versailhes é utilizado o mesmo tipo de organização espacial.

Pode apontar-se a Praça Monumental como um dos grandes temas do barroco. Ladeada por edifícios com uma imagem cuidada, é construída segundo um eixo de simetria sendo o seu centro uma estátua. São exemplos deste tipo de composição a Praça Vendôme, em Paris, e o Terreiro do Paço, em Lisboa.

A Praça de São Pedro em Roma, concebida por Bernini, é um excelente exemplo de criação de um cenário representativo do poder instituído, neste caso a Igreja Católica. O conjunto, marcado por um eixo visual simétrico, é formado por uma sucessão de espaços abertos que nos conduzem a uma grande praça elíptica que dignifica a fachada de São Pedro. Nesta composição existe uma relação urbanística entre arquitetura e espaço público.

Praça de S. Pedro

A Avenida é outro dos símbolos da cidade barroca. As avenidas possuem um traçado rectilíneo, sendo ladeadas por edifícios uniformes. A sua dimensão permite que nelas se realizem paradas militares, que servem para demonstrar o poder absoluto do rei.

A cidade barroca portuguesa

Em Portugal é importante fazer a distinção entre a cidade do séc. XVII e do séc. XVIII sobretudo pela conjuntura política e económica que se vive no país neste séculos e que induzem diferentes maneiras de pensar e desenhar a cidade.

Entre 1580 e 1640 Portugal vive sob o domínio de Espanha. Durante este período verifica-se inicialmente uma situação de estabilidade política e uma melhoria da situação económica. Contudo, o progressivo enfraquecimento do poderio económico espanhol vai fazer com que aumentem os impostos em Portugal e que muitas das nossas ex-colónias sejam tomadas por ingleses, franceses e holandeses. Gera-se um ambiente de descontentamento geral da população que leva a que as várias classes se unam com o propósito de pôr termo ao domínio filipino. Assiste-se então à Guerra da Restauração que dura entre 1640 e 1668, ano em que a Espanha reconhece definitivamente a Independência de Portugal.

Durante o domínio filipino há um aumento da edificação urbana, sendo construídos paços para os nobres espanhois, novas igrejas e conventos.

A cidade portuguesa do séc. XVII possui um conjunto de características de vários estratos históricos, uma vez que a maior parte havia sido fundada durante a Idade Média ou mesmo em períodos mais remotos. Tendo crescido de uma forma orgânica, sem uma planificação, possui um aspecto compacto, onde a rua é o elemento estruturante e as igrejas ou outrps edifícios importantes funcionam como polos dinamizadores. O seu perímetro é definido pela cintura muralhada.

Com a Restauração da Independência aumentam as preocupações de defesa das cidades. Na zona de fronteira com Espanha são criadas cidades onde é visível a preocupação defensiva, é o caso de Almeida, Estremoz e Elvas. Estas cidades apresentam um aspecto mais regular e planificado fruto de uma nova forma de pensar o espaço.

Almeida

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