O Museu da Luz conta a história da aldeia da Luz, submergida pelas águas do Alqueva em 2002. Uma aldeia cuja história teve portanto que ser reconstruída do zero, apenas com os registos da memória gravados no coração dos seus habitantes.
Aldeia da Luz
A construção da Barragem do Alqueva, no Alentejo, levou à submersão da povoação da Luz. Os seus habitantes foram realojados numa aldeia construída de raiz, num local escolhido pela população, a 2 km da antiga povoação - a nova Aldeia da Luz. A inauguração ocorreu em 19 novembro de 2002.
A Barragem do Alqueva, no rio Guadiana, estende-se por 83 km e abrange uma área de 250 km2, envolvendo os concelhos de Moura, Portel, Mourão, Reguengos de Monsaraz e Alandroal. Constitui, assim, o maior lago artificial da Europa.O impacte negativo mais visível da construção da barragem foi a submersão da antiga povoação da Luz. A lógica de reposição do edificado numa nova aldeia e, em particular, a transladação do cemitério e capela quinhentista foram momentos emocionalmente difíceis para os habitantes.
Hoje verifica-se a desertificação e o isolamento da aldeia. Esta é ditada pela falta de oportunidades de trabalho, que levam à emigração e a não fixação de população jovem. Por outro lado, nunca foi concretizado o investimento turístico prometido na sua inauguração. Assim, a marina e a praia fluvial previstas nunca saíram do papel.
O plano da nova Aldeia da Luz consistiu na construção de infraestruturas básicas, 212 habitações alinhadas ao longo dos arruamentos, uma praça central, onde se implanta uma nova igreja, estabelecimentos comerciais e equipamentos coletivos.
A poente da aldeia, num promontório com vista para o lago, é implantado o “Pólo da Memória”. É formado pelo novo cemitério, um museu e a igreja de Nossa Senhora da Luz. É assim um conjunto de grande carga simbólica.
A igreja que integra o conjunto é o templo quinhentista da antiga aldeia. Foi assim reconstruída num novo lugar, mas segundo métodos antigos de construção e integrando elementos arquitetónicos originais.
Museu da Luz: arquitetura
O Museu da Luz, inaugurado em 2003, é um projeto dos arquitetos Pedro Pacheco e Marie Clément. Foi adotada uma linguagem arquitetónica contemporânea, de linhas depuradas e simples. A escolha de materiais locais, como o xisto, permite que o museu estabeleça uma relação harmoniosa com a paisagem. Também a implantação, abaixo do nível do solo relativamente à cota do promontório, reforça esta relação com o sítio. Pode assim dizer-se que o museu redesenha a paisagem e de funde nela. O projeto foi galardoado com vários prémios nacionais e europeus.
Tem como objetivo retratar a identidade, a história e a paisagem deste lugar. “Leituras múltiplas e diversas que reativam memórias e significados para a reconstrução do lugar” in Museu da Luz
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