Setúbal

Setúbal uma cidade de contrastes cromáticos, entre o intenso azul do mar e o verde da paisagem.


Setúbal: enquadramento histórico

Localizada a sudoeste de Lisboa, na margem norte do Sado e limitada a poente pela Serra da Arrábida, Setúbal detém uma baía, banhada pelo Atlântico, de uma grande beleza natural.

Embora existam vestígios de ocupação anteriores, é no período romano, durante os séculoss I a IV d.C., que se firma nesta área um núcleo urbano ligado à industria da salga do peixe, denominada Cetobriga. No centro da cidade encontram-se as ruínas de uma fábrica romana de salga de peixe, do século I d.C., da qual são visíveis 14 tanques dispostos em duas fiadas paralelas organizadas em torno de um pátio.

Durante as invasões bárbaras Setúbal terá sido preterida a favor de outras localidades próximas que ofereciam melhores condições de proteção.

Após a reconquista aos mouros em 1217, a cidade é repovoada, sendo ocupada a colina de Santa Maria e a zona baixa. A Ordem de Santiago concede-lhe o 1º foral em 1249.

No século XIV é construída uma cortina de muralhas, da qual resta um pequeno troço na fachada nascente do edifício do Museu do Barroco e as Portas do Sol, um arco quebrado, e de S. Sebastião, em arco em asa de cesta.

A partir do século XV, na época dos Descobrimentos, Setúbal sofre um grande desenvolvimento económico, que se reflete no crescimento urbano. Este impulso deve-se à importância do porto e das atividades comerciais.

A nível arquitetónico destaca-se a construção do Convento e Igreja de Jesus, um marco do início do estilo manuelino. Fundado em 1490 pela ama do rei D. Manuel I e projetado por Diogo Boitaca, o convento é mandado ampliar pelo rei D. João II. No seu interior, nas colunas é usada brecha, uma pedra típica da região, e os tetos possuem nervuras espiraladas num estilo que então se começava a afirmar, o manuelino. Desde 2004, devido ao avançado estado de degradação, sofre obras de reabilitação. É neste espaço que atualmente funciona o Museu de Setúbal.

Em 1487 é construído o aqueduto, também conhecido como aqueduto da Estrada dos Arcos, que abastece a vila de água e que se prolonga por vários quilómetros. Hoje apenas resta um troço junto à Estrada dos Arcos, no local do antigo campo de futebol.

Nos finais do século XV e início do século XVI começa a conformar-se a Praça do Sapal, atual Praça do Bocage, impulsionada pela construção da Igreja de São Julião, junto às ruínas da antiga fábrica romana, e à instalação de uma fonte abastecida pelo aqueduto. É neste espaço que fixam residência algumas personalidades ilustres e onde se vem a instalar a Câmara Municipal.

Em 1582, durante o domínio espanhol (1580-1640), começa a construir-se a Fortaleza de São Filipe, também conhecida como Castelo, para reforçar a defesa contra a pirataria. Situa-se a cerca de 2km do centro histórico e pela sua posição a uma cota elevada goza de uma vista magnífica sobre a cidade e o rio. A sua planta é em estrela irregular com seis pontas, adaptada ao uso de artilharia. No século XX a Fortaleza é classificada como Monumento Nacional e em 1965 a Casa do Governador é convertida em pousada. Dentro do recinto encontramos ainda uma capela, datada de 1736, cuja particularidade é o seu interior ser totalmente revestido a azulejos azuis e brancos.

Durante o século XVIII, culturalmente, Setúbal fica ligado à vida e obra de Barbosa de Bocage, famoso escritor satírico, e à famosa cantora de ópera Luísa Todi. A casa onde nasceu Bocage é convertida em Museu, em 2005.

No século XIX Setúbal regista novo desenvolvimento económico e social, afirmando-se como um importante centro comercial e industrial. A nível urbanístico, as obras de aterro do rio permitem, em 1848, a abertura da Avenida Luísa Todi, cujo traçado é inspirado nos boulevards franceses.

Setúbal é elevada a cidade em 1860 e um ano mais tarde é inaugurada a via férrea que liga o Barreiro a Setúbal.

O desenvolvimento urbano de Setúbal é, desde o século XIX até aos nossos dias, impulsionado pela importância do porto e pela fixação da industria na cidade. Nela se localizam importantes unidades industriais de conservas, construção naval, cimento, mármores, celulose e montagem de veículos.

O Programa Polis de Setúbal, da autoria do arquiteto Manuel Salgado, elaborado em 2002 e concluído em 2008, constitui um parque verde urbano com 3,5 hectares. Esta intervenção na zona ribeirinha, abrange a Av. Luísa Todi, o espaço compreendido entre o antigo quartel do Regimento de Infantaria 11 e a praia de Albarquel e o Largo José Afonso. Neste último espaço, onde outrora se realizava a Feira de Santiago, é construído um grande arco cénico, um auditório ao ar livre com capacidade para 2500 espectadores - o Pórtico do Largo José Afonso.Esta intervenção permite para além da requalificação do espaço público, uma maior fluidez de tráfego e a dinamização do centro histórico.

Em alternativa à vida urbana pode-se conhecer a Arrábida e o estuário do Sado. Nestes espaços em comunhão com a natureza podem fazer-se passeios pedestres, praticar atividades desportivas, observar a comunidade sedentária de golfinhos e disfrutar de magníficas praias.

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