Localizada no Baixo Alentejo, Beja é capital de um distrito que se caracteriza por planícies a perder de vista e que mudam de cor a cada estação.
A história de Beja remonta à pré-história, mas é no período romano que esta adquire maior importância. O núcleo da cidade romana, Pax Julia, desenvolve-se em torno da zona onde atualmente se localiza o castelo. A dimensão e a forma da muralha romana, construída presumivelmente entre os séculos III e IV d.C., é desconhecida. Dela subsiste o Arco ou Porta de Évora, reconstruído em 1938, uma vez que havia sido adulterado.
De Pax Julia passa a chamar-se Paca e no século VIII, sob domínio dos árabes, adquire o nome de Beja. O período de lutas e guerras que ocorre aquando da ocupação islâmica, entre os séculos VIII e XII, dita a destruição das muralhas. A cidade entra então em declínio, dando-se uma saída maciça da população, que se muda para Mértola e Sevilha.
Durante o século XIII, no reinado de D. Afonso III, dá-se a reconstrução do castelo que se prolonga por mais de um século. A Torre de Menagem, edificada em 1310, apresenta traça gótica e mede 40 metros de altura, sendo a mais alta da Península Ibérica. Até ao século XVII o castelo sofre diversas modernizações e ampliações, sendo reforçado por baluartes conforme projeto do engenheiro-militar e arquiteto francês Nicolau de Langres, aprovado pelo engenheiro Luís Serrão Pimentel.
Em 1517 Beja é elevada a cidade. Dá-se um reflorescimento económico, acompanhado da construção de igrejas, como a Sé Catedral, conventos e palácios.
O crescimento económico do século XVI é sustentado em grande parte pela produção de cereais. Terão existido numerosos silos para armazenamento de cereais no perímetro fora muralhas, mas após a construção de um Celeiro Comum em 1579, estes passaram a ser utilizados como local de depósito de resíduos domésticos e como matadouros.
Os primeiros duques de Beja fixam-se na cidade e fundam o Convento de Nossa Senhora da Conceição, onde atualmente funciona o Museu Regional Rainha D. Leonor. Este convento está ligado à história de uma freira de origem nobre de nome Sóror Mariana de Alcoforado (1640-1723) e aos seus amores por um oficial francês, o Conde de Saint-Léger. É presumivelmente a autora das "Cartas Portuguesas", o conjunto de cartas que teria escrito ao seu amado que a abandonou e regressou a França, e que se tornaram num clássico da literatura universal.
A nível arquitectónico merece ainda destaque a construção da Igreja da Misericórdia, um exemplo ímpar de arquitetura renascentista de influência italiana. É em meados do século XVI que o Infante D. Luís manda construir um imponente edifício inicialmente destinado a açougue. Contudo a beleza do mesmo, com uma "loggia" inspirada nas obras italianas, traçada presumivelmente pelo arquiteto Diogo de Torralva, determina-lhe outra funcionalidade mais nobre, ser o templo da Irmandade da Misericórdia.
Após o século XVI muita da população de Beja, incluindo nobres, morrem em confrontos e batalhas, nomeadamente na Batalha de Alcácer-Quibir (1578), levando ao declínio da cidade nos séculos seguintes.
Em 1864 é inaugurada a estação ferroviária de Beja. Nos finais do século XIX e no início do século XX muitos dos monumentos da cidade são destruídos para modernizar a cidade dotando-a de ruas mais amplas e espaços mais desafogados. Delapidou-se assim parte de um património de enorme valor histórico.
Nas décadas de 30 e 40 do século XX são construídos equipamentos e edifícios de serviços nomeadamente agências bancárias, a estação dos Correios, o Liceu Diogo Gouveia, o Tribunal e o Governo Civil.
Liceu Diogo Gouveia, projeto de Luis Cristino da Silva | Fotografia: wikimediaDurante o período de Estado Novo, o Castelo e a zona envolvente são requalificados, sendo demolido o casario humilde que o circundava. A Praça da República é redesenhada e nela é construído o novo edifício da Câmara Municipal, projeto do arquiteto do regime Rodrigues de Lima.
Entre 2001 e 2004, ao abrigo do programa Polis,efetua-se uma intervenção na área urbana da cidade. Procura-se criar espaço público como: áreas pedonais, parques de estacionamento e novas áreas verdes, bem como, modernizar os equipamentos urbanos. Destaca-se a construção do Parque Subterrâneo da Avenida Miguel Fernandes, projetado por Santa-Rita arquitectos.
Na Rua do Sembrano, uma intervenção arqueológica direcionada para a conservação de vestígios arqueológicos da Idade do Ferro, põe a descoberto troços da muralha pré-romana e uma área habitacional que comprova a ocupação humana, desde meados do I milénio a.C.
Ainda no âmbito do Beja Pólis e projetado por Santa-Rita arquitectos é construído o Parque da Cidade. Localiza-se a poente de Beja, numa área periférica de expansão habitacional que em continuidade com outros espaços verdes formam a cintura verde da cidade. A sua imagem é marcada por um enorme espelho de água onde se refletem os equipamentos de apoio, restaurante e bares.
A nível de arquitetura contemporânea merece destaque o projeto da Escola Superior de Tecnologia e Gestão da autoria do arquiteto Nuno Montenegro. Trata-se de um volume branco e negro com um pórtico de quase 50 metros que lhe confere uma imagem arrojada.
Beja tem como objetivo afirmar-se como ponto de charneira nas comunicações entre o Atlântico e a Europa, mas o atraso da construção das novas acessibilidades, IP's e linha ferroviária condicionam o seu desenvolvimento. É nesta perspectiva de desenvolvimento regional que foi inaugurado em 2011 um novo aeroporto. Inicialmente vocacionado para voos de baixo custo e para potenciar o turismo da costa vicentina e da área do Alqueva, continua aquém do seu potencial.
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