O Complexo de Artes e Arquitetura da Universidade de Évora resulta da reconversão de um antigo espaço industrial - a Fábrica dos Leões. O projeto é de Inês Lobo e Ventura Trindade, arquitectos.
Enquadramento histórico
O Complexo de Artes e Arquitetura da Universidade de Évora é um projeto de reconversão de um antigo espaço industrial de fabrico de massas - a Fábrica dos Leões. O conjunto edificado original foi construído em 1916 e manteve-se em funcionamento até 1993. Esta estrutura deteve assim um papel importante na industria de moagem alentejana durante o século XX.
Localiza-se a norte da cidade, numa zona periférica com baixa densidade construtiva e carácter rural. A antiga Fábrica dos Leões foi adquirida pela Universidade de Évora, em 1997. Esta decidiu assim reconverter o espaço para instalação do Departamento de Arquitetura, Artes Cénicas e Artes Visuais. O projeto é da coautoria de Inês Lobo com Ventura Trindade, arquitectos. A obra foi concluída em 2010.
O espaço da fábrica foi sofrendo adições ao longo do tempo. Continha edifícios de tipologias muito distintas adaptados às diferentes funcionalidades: serviços administrativos, silos e grandes espaços para maquinaria, entre outros. Apresentava-se bastante degradado, com um carácter desfragmentado e uma identidade indefinida.
Complexo de Artes e Arquitetura da Universidade de Évora: arquitetura
A ideia conceptual do projeto assenta na requalificação dos edifícios mais representativos do conjunto fabril reconvertendo-os à sua nova funcionalidade educacional. Procedeu-se igualmente à demolição dos anexos que não faziam parte da estrutura original. Passando assim o conjunto a ter uma imagem mais coerente.
Em termos de conformação espacial o conjunto assume uma forma em U, aberto para sudoeste. Deste modo, os edifícios dos vários departamentos organizam-se em torno de um espaço verde central.
Na ala nordeste é preservado o edifício existente, reforçando-o estruturalmente e reconvertendo-o para albergar as salas de aula do departamento de arquitetura.
A noroeste é criado um novo corpo, onde se localizam as oficinas dos departamentos de Artes Visuais e Multimédia. Ao longo deste volume desenvolve-se um telheiro que constitui um espaço de estar e convívio. Simultaneamente, serve como percurso coberto entre os vários edifícios. Este espaço é assim uma reinterpretação dos antigos alpendres que serviam para armazenamento de produtos, bem como do apeadeiro de comboio que servia a unidade fabril.
O edifício a sudeste encontra-se a aguardar intervenção de requalificação e albergará espaços vocacionados para as artes cénicas.
Nos novos corpos do Complexo de Artes e Arquitetura foram utilizados materiais comuns aos ambientes industriais, como por exemplo: estruturas metálicas, chapas de aço galvanizado e alumínio. Existe uma coerência material entre novo e preexistência, mas a forma como os materiais são aplicados garantem uma nota de contemporaneidade ao conjunto.
Com esta intervenção o edifício da antiga Fábrica dos Leões ganha uma nova vida.
0 Comentarios