"Um edifício bom não é aquele que fere a paisagem, mas aquele que faz a paisagem mais bonita do que era antes da construção do edifício." Frank Lloyd Wright
Desde que o Homem se torna sedentário, passa a ter necessidade de construir abrigos que lhe ofereçam proteção e sejam duráveis. Na sua construção são utilizadas alvenarias de blocos de terra e pedra. É também usada a madeira e outros materiais naturais.
Com o aumento das exigências de resistência das construções, os materiais deixam de ser aplicados tal como são extraídos da natureza e passam a envolver transformação de matérias primas, o que implica maior consumo energético.
Nos finais do séc. XIX surge um novo material de construção, o betão. Mais tarde, com o objetivo de otimizar as suas características mecânicas, é introduzido o aço em varão tornando-se o betão armado no material mais utilizado na construção até hoje.
Na 2ª metade do séc. XX verifica-se um grande aumento da construção mas, muitas vezes, o crescimento das cidades faz-se de uma forma desordenada e com baixa qualidade construtiva. São ocupadas zonas rurais e destruídas zonas verdes. São utlilizados recursos naturais em grande escala, provocando feridas na paisagem e danos ambientais avultados.
Face a esta realidade, começam a surgir críticas a este modelo de desenvolvimento urbano e o despertar da consciência coletiva de que se nada se fizer para inverter esta tendência, rapidamente se esgotarão os recursos naturais, estando em causa a própria existência da espécie humana.
Neste contexto, no final dos anos 60, emerge uma corrente ecológica que defende a preservação da natureza e dos seus recursos. A crise do petróleo, na década de 70, veio também despertar a ideia da necessidade de poupaça de energia.
O conceito de desenvolvimento sustentável surge pela primeira vez na década de 80, defendendo-se um modelo em que haja um equilíbrio entre as necessidades de desenvolvimento e o meio ambiente, visando melhorar as condições de vida atuais sem comprometer as gerações futuras.
O Protocolo de Montreal, de 1987, é um acordo internacional que estabelece metas para o controlo de emissão de substãncias que destroem a camada de ozono.
Em Portugal, em 1990, é apresentado um 1º Regulamento de Comportamento Térmico dos Edifìcios, sendo lançada em 2006 nova legislação, RCCTE e RSECE, aplicada a todos os edifícios e sendo a sua aprovação efetuada por peritos qualificados em térmica.
Em 1998, é estabelecido o Protocolo de Quioto (Kyoto), resultante de uma série de eventos, que visa a redução de emissão de gases poluentes responsáveis pelo efeito de estufa e o aquecimento global. Entra em vigor em 2005, englobando 141 países entre os quais Portugal. O protocolo não é aplicado aos EUA, o maior poluidor do mundo, o que leva países como o Canadá a questiona-lo.
Hoje o crescimento sustentável é uma prioridade de atuação e assenta em três vetores: desenvolvimento economicamente eficaz, socialmente equitativo e ecologicamente sustentável.
Esta perspectiva de sustentabilidade é aplicada ao sector da construção, uma vez que este é o responsável por grandes danos sobre o meio ambiente.
O uso do betão começa a ser questionado pela sua durabilidade limitada e por envolver a utilização de grande quantidade de recursos naturais e elevados consumos energéticos no fabrico dos materiais que o compõem.
Em alternativa, aparecem novos sistemas construtivos como as estruturas metálicas leves (LSF), em betão celular autoclavado (ACC) e ressurgem tecnologias em desuso, como a construção em taipa ou adobe e em terra.
São adotados progressivamente um conjunto de procedimentos com vista à diminuição do impacte ambiental das construções. promove-se o uso de energia a partir de fontes renováveis, a recolha da água da chuva e reutilização de água, passa a ter-se um maior cuidado na escolha dos materiais construtivos e estabelecem-se normas para os resíduos da construção e da demolição.
Princípios básicos de uma construção sustentável:
- reduzir o consumo energético durante a fase de obra e de utilização usando fontes de energia renováveis, minimizando os consumos energéticos e optimizando a iluminação e ventilação natural.
- diminuir o consumo de água principalmente a envolvida na produção de águas residuais, instalando autoclismos com sistemas de descarga diferenciados, uso de bases de duche em vez de banheiras e instalação de torneiras mono comando, entre outros.
- assegurar a salubridade dos edifícios maximizando a iluminação e ventilação natural e criando, se possível, aberturas para o exterior em todos os compartimentos
- potenciar a durabilidade das construções usando materiais e sistemas construtivos que ampliem o seu ciclo de vida
- promover acções de manutenção e reabilitação do edificado<
- usar materiais eco-eficientes, isto é, materiais não nocivos à camada de ozono, duráveis, com baixa manutenção, com baixa energia primária, localizados próximo do local da obra e serem fabricados a partir de materiais reciclados ou que no futuro possam a vir a ser reciclados
- aproveitar as condições e recursos locais
- diminuir a área de implantação e o volume de construção
- apostar em inovações tecnológicas amigas do ambiente
- proceder a uma gestão sustentável da obra
- reduzir, reutilizar e reciclar resíduos sólidos
- promover um custo de obra economicamente vantajoso
O desafio atual para a arquitetura é então procurar criar soluções inovadoras que aliem uma estética atraente, a uma boa eficiência energética e um impacte ambiental reduzido.
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